Notícia

As estatísticas da crise agora na Internet

Dezasseis indicadores reúnem toda a informação da crise em números

11 de março, 2014
O site Conhecer a Crise, lançado há dois anos com 125 indicadores estatísticos que ajudam a ler os “sinais” da crise económica em Portugal, passou a incluir uma área centrada no tecido empresarial português, com dados anuais e trimestrais actualizados a partir de novos indicadores.
Como tem evoluído a constituição e a dissolução de empresas?

Qual a taxa de sobrevivência das empresas a cada ano que passa?

Quantos trabalhadores tem, em média, uma sociedade?

Quantas empresas são exportadoras?

Os números que dão resposta a estas perguntas – e a outros dados estatísticos sobre o sector empresarial – foram trabalhados pela analista Informa D&B, que nesta quinta-feira assinou um protocolo com a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), a responsável pelo portal Conhecer a Crise, um site que o sociólogo e presidente da fundação, António Barreto, vê como “irmão” ou “filho” do Pordata.

Aos indicadores que agregam informação estatística sobre apoios sociais, conjuntura económica, balança de pagamentos, despesas das famílias, endividamento, finanças públicas, trabalho ou habitação, juntam-se agora 16 novos indicadores sobre actividade empresarial.

Alguns dados de conjuntura já abrangiam o universo empresarial (por exemplo, quanto à produção industrial, ao endividamento de empresas ou ao sentimento económico dos empresários em vários sectores de actividade). O que a nova secção vem acrescentar é uma análise mais fina sobre as empresas em torno de quatro grandes áreas: a caracterização do tecido empresarial, os nascimentos, a sobrevivência e os encerramentos de empresas, o perfil das exportadoras e as empresas que têm um crescimento elevado.

Quando, em Março de 2012, o site arrancou com os primeiros indicadores (actualizados à medida que são conhecidos dados oficiais), António Barreto falava num “alarme público” em torno de uma crise “muito fértil em rumor urbano e em boato”. Dois anos depois, mantém o radar no mesmo sentido e diz ser preciso prudência – e deixar correr o tempo – para não se tirarem conclusões precipitadas sobre alguns indicadores. Alguns dados analisados no contexto da austeridade sobre mortalidade infantil, homicídios, o número de divórcios, assaltos, por exemplo, “não resistem à mais simples análise”, afirmou Barreto durante a apresentação da parceria com a Informa D&B.

Um exemplo: “É possível concluir que, até 2010-2011, as desigualdades sociais em Portugal estavam em diminuição marcada, clara – [de forma] muito gradual, muito lenta, mas estavam; é possível pensar, com os primeiros dados que temos, que, a partir de 2011-2012, esse movimento de diminuição das desigualdades estagnou ou até talvez tenha havido uma inversão”. Mas, para se chegar a conclusões, são precisos mais anos, afirmou ao PÚBLICO o ex-ministro da Agricultura e Pescas. “Há esses sinais e a nossa preocupação é começar a detectá-los para depois os poder interpretar”.

Foi este o trabalho que o projecto estendeu agora aos indicadores sobre o tecido empresarial. Alguns dados trabalhados pela Informa D&B: em 2012, 61% das empresas tinham um volume de negócios anual inferior a 250 mil euros; o número médio de trabalhadores era de 7,5; o número de empresas activas tem vindo a cair, passando de 372.346, em 2010, para 365.362, em 2012; a taxa de sobrevivência das empresas caiu para 86,6%; por cada empresa dissolvida em 2013, nasceram 2,3 novas empresas.

Para cada dado, explicou António Barreto à margem da apresentação da parceria com a Informa D&B, o objectivo é “mostrar onde é que começam as mudanças no sentido bom ou mau”, cingindo a leitura aos dados estatísticos e permitindo aos utilizadores do site relacionar alguns dos indicadores.

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