Notícia

Inovar - O maior dos desafios em Comunicação

Escolher o melhor dos caminhos e decidir como percorrê-lo é a exigência maior dos tempos de crise!

6 de novembro, 2014
O maior dos desafios que temos de enfrentar é de estratégia. Escolher o melhor dos caminhos e decidir como percorrê-lo é a exigência maior dos tempos de crise. Tal depende das referências base de cada um, de ordem filosófica, ideológica, política, económica…
A comunicação e o marketing mesmo numa lógica instrumental têm um papel crucial a desempenhar.

As opções a fazer e as formas a adotar merecem reflexão que motiva este artigo.

A comunicação sendo transversal a todas as atividades económicas e sociais, transforma-se no “sistema nervoso” da nova economia mundial em construção.
- Dominique Wolton in L’Autre Mondialization

Do WEB 1.0 a 4.0

A velocidade das mudanças é uma variável relevante na atualidade. Umas impulsionadas pelas tecnologias, que já ninguém ousa dizer novas, porque sabemos que amanhã serão consideradas passado, outras pelas dinâmicas socioculturais de tempos de crise.

O WEB 1.0 do fim do séc. XX assenta numa comunicação estática, entendida como de distribuição de informações. Os websites eram mostras de produtos, serviços e informações sem qualquer preocupação de interatividade com os cidadãos ou consumidores. O que se torna difícil de entender é que um número significativo de organizações públicas e privadas se mantenham imperturbavelmente neste patamar.

O WEB 2.0 também dito de WEB social, faz rutura com o modelo anterior. Privilegia em absoluto a partilha e troca de conteúdos (textos, imagens, vídeos…). Assistimos à emergência das redes sociais, dos smartfones e dos blogues. Estamos na presença de uma socialização virtual e de um diálogo contínuo feito à distância. É o triunfo da democratização do mundo WEB e dessa rede imensa (Internet). Os objetivos individuais ou organizacionais são claros: a) fazer-se conhecer, afirmar a marca; b) criar tráfego, adquirindo fãs, seguidores e amigos virtuais; c) dinamizar a imagem. A publicidade foge dos espaços tradicionais, incluindo os televisivos e instala-se, passo a passo, nas redes sociais e nos motores de busca. O diálogo faz-se entre iguais e para isso as organizações são representadas na rede por pessoas singulares, por regra, geradoras de simpatia, curiosidade e atratividade. O storytelling, golpe a golpe, substitui-se aos logos, porque a história, além do mais, pode cativar pela emoção, quando conhecemos cada vez mais a importância da inteligência emocional. Quem fica de fora, organização ou indivíduo, é info-excluído. São, por mais que custe, os analfabetos do séc. XXI.

O WEB 3.0 assume a organização da quantidade enorme de informação disponível em função do contexto e das necessidades, sentimentos e crenças dos utilizadores, tendo em conta a sua localização geográfica e as suas preferências. Cada preferência descoberta é registada e explorada em termos de marketing ativo e direcional. Estamos na presença de um WEB que tenta dar sentido ao caos constituído por dados ilimitados em quantidade e diversidade. É um WEB portátil à disposição de utilizadores com ferramentas móveis sempre conectadas. Descobrir preferências é também um caminho para uma interatividade geradora de cumplicidades centrada no indivíduo potencial cliente ou eleitor de amanhã. Significa um avanço face à dimensão anterior, por quanto facilita a participação ativa geradora de compromissos.

O WEB 4.0 é a aposta clara e avançada na personalização das relações de compra e venda, de decisão política ou social. Coloca problemas, ainda não resolvidos, de invasão não consentida da vida privada e do espaço vital de cada um. Serve-se de dados da investigação em curso nas neurociências aplicadas ao marketing e á comunicação. É um terreno de experimentação onde muitos se aventuram.


Que tendências indiciam as dinâmicas do WEB?
  • A reputação, entendida como a avaliação que é feita pelos nossos públicos e pela opinião pública em geral da nossa imagem, tornar-se-á no elemento mais importante da nossa marca, partido, organização, pessoa singular.
    Na comunicação corporativa e no marketing, a reputação assume uma dimensão dinâmica, no sentido em que o cidadão e, ou o consumidor deixam de ser sujeitos passivos para passarem a ser ativos e logo de seguida deliberativos. (Verifique-se como os orçamentos participativos dos Municípios em que da fase participativa de colher de explicar e recolher opiniões se passou para a fase deliberativa em que os munícipes já decidem da aplicação específica de algumas verbas do orçamento. A tendência é obviamente de decidirem de verbas mais elevadas).
    Cada vez mais a reputação, anexada aos atributos intangíveis da nossa imagem individual ou organizacional, terá um valor acrescentado mensurável por agências específicas e dependendo em medida elevada da intensidade de circulação interativa existente no WEB. (Algumas agências de notação norte-americanas já têm em conta esta dimensão nas suas avaliações).
    Reputação que passa por três pilares essenciais da comunicação: a) a comunicação direta interpessoal com a organização ou personalidade assente na experiência vivida ou virtual relacionada com produtos, serviços, ideias, valores e práticas políticas e ou sociais; b) o discurso da organização ou pessoa singular (atividades, posições, opções); c) a opinião pública ou os seus públicos (colaboradores, clientes, cidadãos, médias, grupos de interesses etc.).
    Reputação que passará, de forma crescente, pelos valores defendidos e pelos princípios éticos praticados. A credibilidade assenta na integridade na honestidade.
  • O fim do off e dos segredos de estado em resultado da omnipresença e globalidade do WEB com a liberdade que lhe está associada. Sabe-se que os segredos de estado têm como caraterística serem temporais, ao fim de algum tempo podem ser conhecidos. O WEB as tecnologias associadas aceleram o tempo e por isso o que antes poderia durar anos tende a durar meses e o que duraria meses, tende a durar dias ou horas. O WEB é global e por isso o privado tende a tornar-se público e universal. Que o diga Obama perante o WikiLeaks.
    O fim do off e dos segredos oficiais aumenta a transparência e dificulta a corrupção que pode mais facilmente ser provada. Contudo, potencia também o aumento das desconfianças dos cidadãos e consumidores nas instituições públicas e nas organizações. Acresce que a liberdade do WEB e a ausência de mediação profissional com regras deontológicas dos jornalistas, facilita a deturpação de factos, as calúnias e as deturpações intencionais, gerando confusão e desconfiança.
  • A glocalização é estratégica. Tornar a nossa realidade, a nossa imagem de local em global (glocalização) passará a ser um objetivo estratégico. No mundo WEB, com destaque para as redes sociais, deixa de se perceber o que é local ou global, as duas realidades cruzam-se constantemente. O WEB elimina o tempo e as distâncias.
    Por mais que os Estados se esforcem para manter os seus territórios e cidadãos fechados e afastados será impossível erguer fronteiras virtuais. A comunicação aberta triunfará.
  • Os infowars e os hackers são reais. As teorias da conspiração têm espaço aberto. Os ataques anónimos ao estruturado e organizado tenderão a aumentar. Se aumenta a violência e a guerra no mundo real como se pode querer o WEB seja diferente? A imperfeição e mesmo o crime fazem parte do existir social. No mundo virtual a tendência é de aumento, saibamos encontrar respostas proactivas e positivas de defesa e contra-ataque. Sejamos prevenidos, porque o homem prevenido vale por dois.

O WEB e a panóplia de tecnologias associadas constituem, em termos de comunicação e marketing, o grande desafio inovador do nosso tempo. Esconder a cabeça na areia, como faz a maior de todas as aves, é pouco inteligente.

Custódio Oliveira
Novembro de 2014

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