Tecnologia no controlo da pandemia
Drones e fronteiras vigiadas, imagens de um Portugal pouco visto
14 de abril, 2020
Drones a patrulhar praias, polícia a controlar entradas e saídas das cidades ou aplicações móveis que monitorizam o movimento dos cidadãos. Imagens distópicas, dignas de um filme futurista, mas que fazem parte do quotidiano dos países que atravessam a covid-19 e do qual Portugal faz parte. Tecnologia e medo caminham de mão dada no combate a um inimigo invisível.
Foi dos países asiáticos que chegaram os primeiros exemplos da forma como as autoridades nacionais reforçaram as medidas de segurança para evitar que os cidadãos furassem as regras de quarentena.
Na Coreia do Sul, por exemplo, além das câmaras de vigilância, as autoridades acederam aos dados dos cartões de crédito, e à consequente movimentação dos utilizadores, para identificar possíveis cadeias de transmissão do vírus. Em Singapura, segundo descreve o jornal The New York Times, o ministro da Saúde tornou pública a informação privada de cada contaminado com coronavírus, revelando dados tão detalhados como o da identidade das pessoas com que esse doente privou.
Na China, onde tudo começou, os 200 milhões de câmaras que estão espalhadas pelo território, várias com software de reconhecimento facial associado ao registo criminal dos cidadãos — uma espécie de de crédito social estilo Black Mirror — desempenharam um papel fulcral no controlo dos movimentos. O Governo chinês foi ainda mais longe e atribuiu um código QR aos cidadãos, classificando-os como “verde”, “amarelo” ou “vermelho”, de acordo com o risco que comportavam. O código é gerado através da aplicação Alipay Health Code, que foi desenvolvida pela equipa responsável pela Alipay, uma app da família da gigante tecnológica Alibaba.
E com o alastrar da pandemia, que já matou mais de 100 mil pessoas e dobrou a fronteira psicológica do milhão de contaminados, países de outras latitudes impuseram quarentenas e recolheres obrigatórios, proibições de reuniões em público e até limites de passageiros em veículos. “Qualquer tipo de Estado carece, para cumprir essa sua primordial função, de exercer algum controlo dos seus cidadãos”, explica ao P2 Nelson Saramago Escórcio, jurista e especialista em privacidade e cibersegurança.
Em Portugal, o cenário não difere do que aconteceu primeiro em Itália, depois em Espanha e que se alastrou deixando grande parte da Europa mergulhada em espaços vazios. Quem, no Porto, arriscou passear na zona marginal foi surpreendido por drones.“Não permaneça no espaço público, senão por necessidade absoluta. Permaneça em casa”, gritavam as máquinas voadoras, nunca antes vistas por muitos veraneantes precoces. Mais a sul, quem arriscou atravessar a Ponte 25 de Abril viu uma possível estadia no Algarve gorada, com os limites impostos pelas autoridades. As filas adensam-se e apenas quem tinha justificação — ou laboral ou por regressar a casa — conseguiu passar a barreira imposta pela PSP.
Fonte: publico.pt
Na Coreia do Sul, por exemplo, além das câmaras de vigilância, as autoridades acederam aos dados dos cartões de crédito, e à consequente movimentação dos utilizadores, para identificar possíveis cadeias de transmissão do vírus. Em Singapura, segundo descreve o jornal The New York Times, o ministro da Saúde tornou pública a informação privada de cada contaminado com coronavírus, revelando dados tão detalhados como o da identidade das pessoas com que esse doente privou.
Na China, onde tudo começou, os 200 milhões de câmaras que estão espalhadas pelo território, várias com software de reconhecimento facial associado ao registo criminal dos cidadãos — uma espécie de de crédito social estilo Black Mirror — desempenharam um papel fulcral no controlo dos movimentos. O Governo chinês foi ainda mais longe e atribuiu um código QR aos cidadãos, classificando-os como “verde”, “amarelo” ou “vermelho”, de acordo com o risco que comportavam. O código é gerado através da aplicação Alipay Health Code, que foi desenvolvida pela equipa responsável pela Alipay, uma app da família da gigante tecnológica Alibaba.
E com o alastrar da pandemia, que já matou mais de 100 mil pessoas e dobrou a fronteira psicológica do milhão de contaminados, países de outras latitudes impuseram quarentenas e recolheres obrigatórios, proibições de reuniões em público e até limites de passageiros em veículos. “Qualquer tipo de Estado carece, para cumprir essa sua primordial função, de exercer algum controlo dos seus cidadãos”, explica ao P2 Nelson Saramago Escórcio, jurista e especialista em privacidade e cibersegurança.
Em Portugal, o cenário não difere do que aconteceu primeiro em Itália, depois em Espanha e que se alastrou deixando grande parte da Europa mergulhada em espaços vazios. Quem, no Porto, arriscou passear na zona marginal foi surpreendido por drones.“Não permaneça no espaço público, senão por necessidade absoluta. Permaneça em casa”, gritavam as máquinas voadoras, nunca antes vistas por muitos veraneantes precoces. Mais a sul, quem arriscou atravessar a Ponte 25 de Abril viu uma possível estadia no Algarve gorada, com os limites impostos pelas autoridades. As filas adensam-se e apenas quem tinha justificação — ou laboral ou por regressar a casa — conseguiu passar a barreira imposta pela PSP.
Fonte: publico.pt