Notícia

Nova Teoria Estratégica para a Comunicação

A partir do pensamento de Rafael Alberto Pérez

4 de fevereiro, 2014
A estratégia é um fenómeno biológico. A estratégia tem um papel chave na relação que é a vida. Nós próprios somos constituídos por uma relação dinâmica.
Para as ciências da vida (campo 24 da classificação da UNESCO) as estratégias são as respostas homeostáticas com as quais todos os seres vivos reagem às oportunidades (sexo, comida) e aos riscos (perdedores, mudanças climáticas, catástrofes naturais) que as mudanças do seu ambiente geram, e desta forma conseguirem sobreviver.

À medida que avançamos filogenicamente o sistema estratégico vai incorporando novas capacidades emergentes, tornando-as as respostas mais sofisticadas. Foi assim com o sistema estratégico dos nossos antepassados, mas fomo-lo modificando incorporando novas capacidades emergentes, incorporando essas capacidades no novo cunho que passou a ser parte da forma de ser do humano: teoria da mente, imaginação, cálculo do futuro etc.

Graças a este peculiar sistema estratégico nós os humanos somos os únicos seres vivos que temos em conta o futuro (e não só o presente e o passado) que escolhemos (e não só decidimos), que transformamos (e não só nos adaptamos), e que aspiramos a viver melhor (e não só a sobreviver). Tudo isto afeta e determina a adaptação estratégica ou seja a forma como concebemos as nossas estratégias.

Os nossos antepassado limitavam-se a procurar no seu ambiente possíveis descontinuidades, nós somos capazes de: de imaginar o futuro; de antecipar o que aí vem, antes que aconteça para alcançá-lo ou evitá-lo; Selecionar sobre os possíveis do futuro aquilo que entendemos que nos convém (e assim traçamos as nossas metas); Imaginar diferentes caminhos alternativos para alcançar as metas (tantos quantos nos ocorram); escolher um caminho de todos os que nos ocorreram, percorrê-la e chegar à meta; avaliar os resultados e aprender com a experiência.

Nenhum especialista, nem nenhuma estratégia, por muito boa que seja, nos pode garantir as nossas metas. Não há o caminho seguro para o êxito. Se queremos mudar o futuro ou influenciá-lo, temos que assumir que vamos entrar num território onde domina a incerteza estruturada. A explicação é simples: o resultado, esse fenómeno relacional que queremos reconfigurar não depende só de nós, também intervém outras pessoas, forças, sistemas (sem esquecer a sorte e o azar) que com a sua atuação podem modificar o resultado esperado.

Então para quê desenhar estratégias? Porque é melhor tê-las que prescindir delas. Apesar da nossa capacidade de transformação ser limitada, há que tentar, dentro da nossa própria margem de manobra. O contrário seria voltar ao fatalismo e deixar as nossas vidas nas mãos dos deuses.

Aqui surgem algumas contradições. A vida está repleta delas. A estratégia é filha da imaginação que gera surpresa e subversão. De outras vezes apoia-se no cálculo e na ordem planeada.

Calculamos pelos menos seis coisas:
  • A probabilidade de que uma determinada situação se produza no futuro;
  • A consequência que teria para nós a verificação dessa situação no futuro;
  • As intenções dos outros (teoria da mente), as suas intervenções e eventuais consequências;
  • As consequências das nossas alternativas;
  • A probabilidade de que nas nossas alternativas gerem certas reações;
  • As consequências prováveis dessas reações
Como consequência de tudo isto avaliamos a probabilidade global que temos de alcançar as metas escolhidas.

Aquilo a que chamamos racionalidade não é senão um simples cálculo de probabilidades. Mas apesar de tanto cálculo o certo é que a estratégia vai mais além que a teoria das probabilidades. (Porque a teoria das probabilidades permite- nos antecipar com pequenas margens de erro as condutas coletivas – audiência de um dado programa de televisão – mas não nos permite calcular nem antecipar o comportamento, nem a estratégia de uma pessoa singular e são as vontades individuais (do ser amado, do diretor de RRHH que dirige a nossa seleção e o posto de trabalho que ambicionamos, o motorista que consegue evitar o choque frontal com outro veículo) quem muitas vezes marcam o resultado final.

As estratégias humanas podem ser de muitos tipos. Sistematizamos seis critérios:
  • Reativas ou proactivas
  • Adaptativas ou transformadoras
  • Arriscadas/otimistas, incrementais/prudentes ou conservadoras/pessimistas
  • Inovadoras, corretoras ou de status quo.
  • Para nos mudarmos a nós próprios (evolução estrutural ou pessoal) ou para mudar/transformar os outros (los outros sós , os outros da relação) físicas, químicas o simbólicas
  • Articuladoras ou confrontativas
O tipo de estratégias aplicáveis à nossa realidade atual devem ser:
  • "De antecipação mais que reativas"
  • Melhor (e mais fácil e controláveis), mudarmo-nos a nós mesmos (melhorar os nossos produtos e serviços, etc.) que tratar de mudar os outros.
  • Melhor transformar la relação que tentar mudar o outro. Preferir sempre as estratégias articuladoras e cooperativas às confrontativas. O ponto central da estratégia que precede a la Nova Teoria Estratégica (NTE) foi de conflito e de exclusão Para a NTE o fim último de toda estratégia a articulação que nos ensina a aceitar a pluralidade e outro. Em vez de afastar o outro trata-se de nos enriquecermos com ele e com as suas diferenças.
Começamos por dizer que nos fazemos na relação, agora está na hora de concluir que na medida em que a estratégia modifica as relações, conseguimos ser o que escolhemos; nos fazemos a nós mesmos na base de escolhas. Nos fazemos a nós mesmos no duplo sentido; reafirmativo e de exclusão. Sempre que escolhemos uma opção estamos podando da árvore da nossa vida outras opções e caminhos que já não podemos percorrer.

Impressiona o grito de Yerma de Lorca, depois de matar o seu marido: “Matei o meu filho!” Ao matar o marido, Yerma mulher fiel, podou a possibilidade de ter filhos e eliminando esse futuro da sua vida.

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