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Aos 20 anos, o Explorer chegou finalmente ao fim

IE chegou a ser a porta de entrada na Internet para 90% dos utilizadores

19 de agosto, 2015
O Internet Explorer era um ícone da Internet – literal e figurativamente falando. No ambiente de trabalho ou na barra de tarefas do Windows, o ícone com a letra “e” azul foi, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, sinónimo de Internet para muitos utilizadores. Nessa altura, era o vencedor incontestado da guerra dos browsers.
Contudo, pouco antes de fazer 20 anos, o navegador da Microsoft passou à história. O Windows 10, a mais recente versão do sistema operativo, traz um novo browser.

A ascensão e a queda do Internet Explorer coincidem, aproximadamente, com o período áureo da própria Microsoft e com uma nova era da empresa, em que o declínio dos PC e a ubiquidade das plataformas móveis e da computação em nuvem obrigaram a redesenhar estratégias.

O velho browser da Microsoft foi lançado em Agosto de 1995, ao mesmo tempo em que chegava ao mercado o Windows 95, que foi um marco, ao estrear muitos elementos que viriam a ser usados até aos dias de hoje nas sucessivas versões do sistema (uma das novidades do 95 era o menu Iniciar, cuja ausência no Windows 8 motivou uma avalancha de protestos e que está de volta na nova versão). Este primeiro Internet Explorer assentava na tecnologia do browser Mosaic, criado em 1993 e um dos grandes responsáveis pela popularização da World Wide Web, uma tecnologia inventada poucos anos antes no CERN, na Suíça.

Quando foi lançado, o Internet Explorer ainda não era uma parte integrante de todos os Windows. Quem comprasse o sistema operativo para o instalar num computador, podia obter o Internet Explorer separadamente, como parte de um pacote de melhoramentos do Windows. Mas já vinha incluído nas versões do Windows 95 pré-instaladas pelos fabricantes nos computadores novos. Esta pré-instalação foi o início de uma estratégia que, anos mais tarde, valeu à Microsoft o domínio do mercado e multas milionárias por parte da Comissão Europeia.

A primeira guerra
Em 1997, com uma nova versão do Windows a aproximar-se (e estando já quente a febre dos negócios online que haveria de originar uma bolha bolsista), a Microsoft apresenta um Internet Explorer muito mais integrado no sistema operativo (ao instalar o browser, por exemplo, uma opção permitia tornar toda a interface do Windows mais parecida com a navegação na Web e era também possível ver conteúdos online directamente no ambiente de trabalho). Gratuita, esta era a quarta versão do Explorer, que viria a ganhar a chamada primeira guerra dos browsers.

Naquele tempo, o Netscape Navigator, desenvolvido por uma empresa muito mais pequena do que a Microsoft, era o browser dominante, com uma quota de mercado ligeiramente acima dos 70%.

O Netscape e o Explorer competiam pelas melhores funcionalidades para o utilizador final e também para os criadores de sites (muitos sites tinham então pequenas imagens a indicar qual era o melhor browser para serem vistos). Mas o trunfo do Windows foi decisivo na batalha. O sistema operativo equipava a larga maioria dos computadores pessoais de todo o mundo e o facto de o Internet Explorer estar pré-instalado não deu hipótese ao Netscape, que tinha de convencer os utilizadores a instalarem-no quando já tinham um browser pronto a usar.

O reinado do Internet Explorer, que só começaria a ser disputado a partir de meados da década seguinte, coincide com uma Microsoft tão dominante que a justiça americana tentou parti-la.

Em 2000, as autoridades levaram a Microsoft a tribunal, acusando-a de usar a pré-instalação do Internet Explorer no Windows, bem como outras técnicas de concorrência desleal, para afastar os rivais. Um juiz decretou que a empresa fosse dividida em duas: uma ficaria com o Windows, outra com o restante software, o que incluía o Microsoft Office, outro dos best-sellers.

O mercado dos browsers tem uma particularidade: o produto é, em geral, gratuito, mas pode significar muito dinheiro para a empresa que o cria. Isto acontece porque os browsers trazem uma série de configurações que muitos utilizadores não se dão ao trabalho de mudar e que condicionam comportamentos: por exemplo, a página inicial ou, mais recentemente, o motor de busca que têm incorporado. E há empresas (como o Google, que acabou por desenvolver o seu próprio browser) dispostas a pagar para serem a opção padrão neste tipo de configurações.

A divisão da Microsoft não aconteceu. O juiz acabou afastado do caso, a administração de George W. Bush, eleito em 2001, pretendia um rápido ponto final no processo e a empresa acabou por chegar a um acordo com a justiça.

Fonte: Público

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